15 fevereiro 2009

Dois Milagres

Descreverei aqui duas coisas excepcionais que aconteceram recentemente.

1. Atropelado por um caminhão

6 de fevereiro, sexta-feira

Por volta das 14h, sai da BASF rumo a minha casa; sendo que em tal dia, eu fora de bicicleta para trabalhar. Na volta, ao invés de pegar o caminho mais curto pela estrada do guaraciaba até minha casa, totalizando uns 3km (em torno de 9-15min pedalando), quis aproveitar para dar um volta maior, então desci até o final da Papa João XXIII, peguei a av. São Paulo, depois a Mario Toledo, até então chegar em casa; passando para um total de pouco mais de 14km (em 40min de pedalada).

Bem, durante o caminho, após já ter avançado uns 3km na Papa, num certo momento uma van parou rapidamente na minha frente, apenas desviei para a direita, passando pela valeta e a guia baixa da calçada de um posto. Sem visão nenhuma, além da faixa da minha mão, a frente da van. Quando começo a atravessar a frente da van, tive visão do que acontecia: "Um caminhão estava entrando no posto, cruzando a pista." Por isso a van havia parado de forma estranha. O caminhão deveria estar uns 30km/h, a menos de 3 metros de mim naquele instante, e em rota aboluta de um impacto que me pegaria em cheio.

Não me apovorei, acho que liberei muita adrenalina... mas arregalei os olhos. E numa fração de segundos, notei que não conseguiria parar antes, e de qualquer modo seria pego em cheio (e tendo em mente o que seria uma pancada de um caminhão enorme daquele naquela velocidade); então, pensei, e percebi que a minha única chance era dar uma pedalada mais forte (sendo que eu estava na marcha mais forte/pesada/rápida/dura) e assim sair da zona de impacto. E assim, eu fiz, naqueles poucos segundos, creio que deu tempo de dar apenas 2/5 de volta no pedivela quando SENTI O IMPACTO.

Tudo havia conseguido passar da zona de impacto, menos a roda trazeira. E numa fração de segundos, minha mente pensou e instantaneamente meu corpo obedeceu, de jogar todo o peso para a roda da frente. E então ocorreu o choque no instante seguinte. No momento do choque, não deu para pensar em nada, tive que sentir, perceber os resultados do impacto; mas logo que notei a roda se deslocando, pensei: "Lá vai eu cair, ser arrastado, machucar, me ralar no chão e na bicicleta. E minha bike ficar toda torta." Mas aconteceu algo notável, o impacto apenas deslocou fortemente a parte trazeira para o lado, e assim o quadro, apenas a roda da frente permaneceu normal (eu estando em velocidade ali). Foi quase que uma manobra que eu fazia nos tempos da BMX-JNA.

Para ter uma idéia mais ou menos de como foi. Pega a sua bicicleta, freia a roda da frente, levante a roda trazeira, deixando apenas o pneu da frente fixo no chão. Segure apenas o guidão e dê um chute na roda de tráz.. e verá todo o quadro rodar ao redor do eixo do guidão e garfo. Foi desse modo. Porém, haviam dois detalhes, o pneu de tráz estava no chão, eu estava em cima da bike, e estava em movimento, talvez uns 30km/h.

O impacto aconteceu; a parte trazeira foi bruscamente deslocada, quase que girando 90 graus, na tangente do impacto. Mas eu não cheguei a perder o equilibrio. Interessante, que com a batida, a bike simplesmente parou, toda aquela velocidade se perdeu instantaneamente; foi como uma freada busca. Porém, meu corpo não sofreu com a inércia, não teve aquele energia, e tendência com o corpo de continuar o movimento, e provavelmente, assim, sair voando para frente. Assim que o impacto aconteceu, tranquilamento, quase como se nada tivesse acontecido. Dei mais umas duas peladas para frente, já tranquilo, apenas para sair dali (de certa forma, quase pensei em continuar, sem nem mesmo parar e olhar para trás.). Nisso fiquei pensando na minha bicicleta, a qual há 2 semanas havia reformado e colocado peças novas. A roda trazeira estaria muito amaçada no minimo, um S tortão, impossibilitando de continuar girando e assim pedalando... o quadro amaçado com uma baita marca donde fora o impacto. [aliás, alguns atrás, sem querer, desviando de um cachorro, eu bati num jipe parado no farol, a nem 15 km/h e minha roda amaçou, quebrou 3 raios; tendo que soltar o freio para continuar o caminho.

Parei, quase 3 segundos após a batida, foi quando notei um certo clima de tensão no ar, como se pudesse perceber que as pessoas haviam visto aquilo com espanto; e tambem, quando notei que o caminhao deu aquela buzinada de raiva por eu ter entrado na frente. Coloquei o pé no chão, então olhei para tráz. A primeira vista, todo normal. Cético. Sai da bicleta, olhei mais minuciosamente, até levantei a roda e girei ela com a mão para notar alguma curva, ou desalinhamento, ou o freio pegando, a catraca balançando... mas não! Tudo OK!!! Normal!!! 100% normal!! Quase balançando a cabeça de tamanho espanto por estar tudo normal, fui procurar o lugar do impacto, olhei, olhei e olhei, mas não encontrei NENHUM arranhão sequer, nenhuma marquia de metal deformado.

Subi na bicicleta e continuei o caminho; normalmente. Pensando naquilo. Notei, de como teria sido CHATO se eu tivesse que carregar por 6 ou 7 km aquela bike de 12kg nas costas até em casa; levando umas 2 horas para tal. E também agradecendo a Deus por mais um livramento. Também recordando de antos atrás, quando certa vez bati a quase 60km/h na guia alta, na curva da rua de casa, e sai voando enquanto a bike capotou uns 3 m de altura e uns 15 de distância; e eu não sofri nenhum arranhão. Ocasiçao qual, senti ser carregado por um anjo para fora da bicicleta, num movimento vertical, sem o efeito horizontal da inércia.

Quanto a tal evento, apenas tenho a dizer:
"Porque aos Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guargem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos [senti isso literalmente], para não tropeçares nalguma pedra." - Salmos 91:11-12

2. Tocando Trompete

14 de fevereiro, sábado

Faz um ano e meio em média que comecei a tocar trompete; todos que já passaram por isso sabe como é dificil, e lento o avanço; pois acima de tudo, tem que adaptando a musculatura da boca, da região dos lábios principalmente, e dos músculos da respiração; assiim como o controle dos lábios para fazer a abelinha, calejá-lo e também o controle da lingua.

Bem, vamos dizer que desde novembro eu não tenho havido muitos avanços. Nesse periodo todo, e ainda não conseguia ultrapassar o "sol" (no primeiro espaço suplementar acima, da clave de Sol); era minha nota mais alta, que conseguia fazer com resistência. Porém, mesmo assim, a partir do mi, já precisava fazer um esforço notável para tais notas; e 5 minutos que tocasse nessas notas, já perdia toda a embocadura, tendo que ficar por várias horas, ou um dia (após dormir), para recuperar a embocadura e tocar novamente.

Até certo desanimo batia, porque eu percebia que tempos atrás eu até mesmo tinha mais facilidade para fazer o mi, e tal sol, do que nos ultimos tempos. Pensando eu, havido regredido quanto a altura das notas. Apesar que havia melhorado muito minha leitura de partitura, ouvido, expressão; e resistencia, de modo ao tempo que conseguia tocar sem perder a embocadura no bocal Vicent Bach 7c que é mais dificil, mais grave... pois no Weril 9D raso, é mais facil os agudos, e tocar por mais tempo.

Uma das unidades de medidas que eu usava era quanto ao que tocava nos cultos de sábado na igreja. O padrão que havia vindo era de no final do primeiro culto, já começar a perder a embocadura; isso fazendo o contralto, que dificilmente passava de um dó 2 na clave de sol. Após tocar em torno de 5-7 músicas, em média de 4min. de duração cada. Depois, um mês para cá, apenas no final da primeira parte do segundo culto perdia a embocadura (umas 4 músicas a mais).

E assim veio indo. Semana passada, dia 7 de fevereiro, sábado. Foi a primeira vez que consegui tocar até o final do segundo culto, de modo que no final perdi muito pouco a embocadura. E fiquei já impressionado com isso. "A primeira vez! Que deu para ir até o final!" Isso que no final do segundo culto, toquei melodia, soprano... normalmente, notas entre lá e fá2.

Bem, ontem, dia 14 de fevereira teve uma vigilia a noite. Durante a semana, eu quase não toquei no trompete; apenas havia tocado um pouco no domingo e um pouco na quarta-feira. Várias coisas eu havia pensando em como conseguir tocar o dia todo no sábado sem perder a embocadura. Pensei em usar o bocal weril 9d no sábado pela manhã nos cultos...  talvez tocar não todas. E mesmo assim, não conseguia imaginar tocando mais do que 3 ou 4 músicas a noite, e com muito esforço. Mas no fundo, tinha uma certa confiança de que daria tudo certo e não me preocupei muito com isso.

No sábado de manhã, parei por uns 10 segundos pensando se pegava o bocal Weril ou o Bach. Até que escolhi ir no Bach mesmo, como de costume; também com receio de haver conflito de embocadura depois, caso trocasse de bocal.

E então logo ali de inicio, fui dar uma afinada, fazendo um si 2 com para afinar em função do sax tenor do Elcio. E logo de cara, ao dar a primeira nota, NOTEI algum diferente (mas muito diferente mesmo), a nota saiu MUITO LIMPA, MUITO FÁCIL, ATÉ UM POUCO MAIS AGUDA parecia de tão limpa. E isso era estranho. Fiquei pensando se havia feito a nota certa. Era lago totalmente inédito para mim. Eu nem havia me aquecido direito ainda. Até parei para olhar se não havia pego o bocal 9d. Era totalmente estranho, era como se havia mudado totalmente o som que estava acostumado a ouvir. Parecia tão aberto, alto, limpo a nota; que achei que eu estava muito fora da nota, e assim abri bastante o volta de afinação principal, sem estar muito certo ainda.

Foram nas três primeiras músicas que eu fui ajustando a volta e afinando o trompete; e acostumando com aquele "novo som", aquela "nova embocadura". Estava incrivelmente diferente!!! Aquilo era um milagre!!! Eu fazia todas as notas agudas com a maior facilidade; e o estranho, que estava até tendo certa dificuldade com as graves; sendo que era o contrário até então. Eu não sentia nada de ruim no meu lábio, na abelinha, nenhuma dor, nenhum ardido, nenhuma dor na musculatura facil de tensão, cansaço e algo do tipo.

Logo que teve uma pausa e fui para o banheiro falei para o Elcio o como estava estranho meu lábio, minha embocadura estava extraordináriamente diferente, e boa. Era uma sensação totalmente nova. A afinação estava tão clara e boa, que o som se encaixava tão bem com o sax alto do Hugo, que quando faziamos a mesma harmonia, parecia um só som, só que mais cheio. De modo que o Elton, disse não me ouvir, mas insisti para ele que era porque a estava se encaixando muito com o sax do Hugo. Algumas vezes, até eu ficava cético, pensando que estava soprando muito fraco, um meso-piano, piano, fazia mais forte notava que saia... mas, era quando eu fazia o contralto que notava claramente que realmente estava ok (o som está saindo) rs.

Terminou o primeiro culto e minha embocadura estava 100%, talvez até melhor do que no inicio. Sem desgaste algum. A única coisa estranha, é que a ponta do lábio superior, onde mais sofre com a abelinha, estava queimando muito. Era como se eu estive com o pé bem frio, e de repente, colocasse na água quente. Mas não doia, não ardia. Não perdia a embocadura.

Veio o segundo culto, e a mesma história se repetia. Estava saindo muito estranho quando eu ia para o contralto, porque não estava acostumado com aquele som diferente. Errava uma notinha o outra, mas era mais por falta de atenção, ou ter colocado um pouco fora do ponto exato o bocal; e não por falta de embocadura, cansaço.

Fiquei pensando naquilo, muito admirado e maravilhado. E falava aquilo com todos, pensando obter deles, mais experientes, alguma resposta para aquilo. Era como se eu, acostumado a correr 12km nas boas... agora, havia corrido 20km, e de boas... sem ter nenhuma idéia de quanto poderia aguentar, qual era meu limite. E da noite para o dia.

O Evandro que havia tocado na quarta-feira em casa, tocou 30min,umas musiquinhas e o metodo do Arbran's, quando perdera a embocadura: 30 minutos!!!

Só naquela amanhã já havia tocado pelo menos 1 hora. E não perdera NADA.

8 horas da noite (20horas). Começa a vigilia. Quanto a música, estariamos sempre tocando, música, palavras do pastor do Jorge Mario, oração, música, e assim foi indo. Fora no momento do lava pés, que tocamos, apenas para preencher o clima, o espaço, com aquela música reflexiva quanto ao espirito desenvolvido ali; foram umas 3 músicas seguidas. Ao todo, creio que tocamos, em torno de umas 15 músicas naquela noite, até a meia-noite.

E a embocadura? Não perdi. Até o final tocava. Alguns momentos dava umas na trave, até mesmo pensando ter perdido-a, ou estar perdendo-a, cansando; mas, logo, notava que era apenas o bocal mal posicionado. Para falar a verdade, eu senti mais meu braço esquerdo cansado da posição que se segura o trompete que qualquer outra coisa quanto a boca; e, pela primeira vez, senti um pouco de cansaço na musculatura diafragmática. Mas apenas para dizer que senti, não afetou nada.

Eu falava disso, do fenomeno extraordinário que estava acontecendo para o Elcio, o Elton e o Hugo; porém, eles não pareciam muito surpreendidos, visto que já estavam meio acostumado a me ver superando obstáculos entre outros de forma rapida. Aliás, o próprio fato para eu estar em 1 ano já tocando como estava, já era uma grande surpresa; e ainda lendo transposto. Raros os músicos que poderiam dizer o mesmo no mundo.

E hoje fui conferir se tudo aquilo não passou de um sonho por um dia... e para a minha surpresa!!! Hoje notei que alcancei todas as notas básicas da clave de sol, agora, posso dizer que alcanço até o dó da linha suplementar superior... e acho que fiz uma após ainda, provavelmente um ré. E com certa facilidade. Só preciso me acostumar a fazer a embocadura para tal nota de modo rápido; tipo, não precisa pensar na nota, e pensar em como posicionar a lingua para fazer tal nota... mas de forma natural e instantanea... e acostumar o ouvido para tais notas agudas, para ficar claro qual nota é cada som. Se quiser, ter uma noção disso, gravei, rapidinho uma escalinha com essas notas... mostrando até a que eu alcançava até sexta-feira (um sol) e após o grãn milagre de ontem...



Não sei explicar, o quão monomental foi. O quão maravilhado eu fiquei. Foi um milagre. Creio eu que apenas aqueles que tiveram a experiência de aprender a tocar trompete talvez consigam entender e ter a noção do que foi isso. E agora, estou doidinho para conhecer meus novos limites, e o que dará para fazer daqui para frente. É como se finalmente cruzei o topo enorme de uma montanha, e agora, ali de cima, posso ver um incrivel e vasto horizonte, sem conhecer um outro limite, uma montanha maior... e agora, é só descer vale abaixo, aproveitando as novas capacidades, para explorar todas essas novas terras, até encontrar uma outra montanha a ser escadala, e novos limites e capacidades a ser encontradas.

Num momento, de certo desanimo quanto aos estudos e progresso com o trompete, vejo que agora uma enorme barreira se rompera, e um imenso animo nascera novamente das cinzas. 

Creio que agora, preciso mais urgente desenvolver mais os demais conhecimentos musicais, nem tanto quanto para com a tecnica do trompete em si, mas de música... harmonias, escalas, tempo...


É isso aí...

Glórias a Deus.

De presente, para comemorar, gravei rapidão aqui, uma estrofe da música Canta Minh'Alma do hinário:



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