18 dezembro 2007

Trilha Mogi-Bertioga

Desde o Campori já estava com essa trilha em mente. Mas foi apenas quando terminaram as aulas no começo de dezembro é que realmemente corri por tal. Fiz um planejamento bem legal, focando em ter mais tempo para poder aproveitar mais em todos os sentidos: social, espiritual, esportivo. A idéia era irmos sábado de tarde - apesar de detestar viajar de sábado, não é muito saudável espiritualmente.
Bem, até 5 dias antes da trilha, havia a expectativa de 25 pessoas irem. Mas aí, a Flávia de São José dos Campos desistiu porque estava sobrecarregada com a faculdade, estágio... alguns amigos aqui de Santo André também tiveram suas desculpas; até mesmo o Renato de última hora ficou enfermo. E nem toda a galera que o Fred pretendia levar fora.Um dia antes da trilha, na sexta-feira, conversando com o Elcio, ele pede para irmos de noite que aí daria para ele ir. Bem e isso eu fiz.
Então no sábado a noite, 8 hrs da noite encontro com o pessoal na estação de trem aqui em Santo André. Bem, o pessoal da unidade do Maine Coons do Guepardos Reais estavam: Eliezer, Fernando, Victor e o Pedrão. Grandes amigos que pude fazer quando fui instrutor do Guepardos Reais em 2006, fora o Fernando, que já foi desbravador da minha unidade, Zeta, no Omega em 2005; aliás, a primeira vez que fazemos uma trilha juntos. O Davis e a Ariane também estavam. Só que, cade o Elcio? Bem, como de lei, o Elcio demora 30min para chegar.
Pegamos o trem, e na estação do Brás, demoramos um pouco para encontrar o Fred e o seu pessoal. E por fim, o Fred que esperava levar umas 7 pessoas, leva 4: 2 desbravadores e 2 garotas. Bem, ao todo, estávamos em 15 se não me engano. E então, fomos rumo a Mogi.
Primeiro, o trem lotado até Guaianazes, e então logo fora se esvaziando até chegarmos em Mogi. E nisso o pessoal com a corda toda, mesmo sendo umas 22hrs. E nisso, como sempre, é ótimo para conversar, bater papo, conhecer melhor as pessoas, criar laços mais fortes e um elo maior de confiança e intimidade.
Em Mogi, tranquilo, umas 23 e pouco da noite pegamos o buzão. Aliás, acabos com o troco do motorista hehe. Era até um pouco constrangedor ver o pessoal dentro do onibus impaciente para chegar logo em suas casas, e ao olhar para fora, havia mais umas 10 pessoas para entrar. No onibus fiquei mais a frente junto com o Fred e o Elcio conversando, e o papo foi indo e indo, estava realmente legal. Uma das coisas mais notáveis que aconteceu, foi que uma garota sentou-se ao lado do Fred, mas aí teve uma hora que o Fred começou com uns papos de uns videos do youtube de uns ateus que acabou espantando ela. hehe E ela foi sentar lá atrás, e não parava de olhara para agente. Comico.

Depois de um tempão, chegamos no bar na estrada. Ali uns ultimos preparativos antes do inicio da caminhado. Fizemos uma oração e iniciamos a caminhada. Fizemos o percurso da estrada em 50min. Dessa vez, principalmente, eu e o Eliezer estávamos com muito pique. Aliás, se percebe que o resto do estão precisando se exercitar um pouco.
Chegamos no inicio da trilha 01:20 da madrugada. Começamos a trilha e logo percebi algumas coisas diferentes. Ali, junto a estrada, naquela clareira muito inutilizada havia um trecho que abriram e que certamente acamparam há pouco tempo, e se podia ver muitas pegadas de tennis e botas no chão, e logo imaginei que havia gente na trilha. Outro detalhe, que pouco antes de chegarmos ao bar estava garoando muito forte, e havia boas razões para imaginar que havia chuviscado durante o dia.
A trilha estava diferente, estávamos mais devagar do que da outra vez, pois estava tudo "muito molhado". O chão bastante umido, com poças e pequenos córregos, exigia que fossemos mais devagar. E assim demoramos quase uns 30 e poucos minutos até chegar no riacho. Ali no Riacho, enquanto alguns retiravam os calçados para atravessar o rio, alguns já deram um "olá" ao mundo selvagem, um monte de "aranhas", algumas caranguejeiras, entre outras. Claro, a água estava bem fria, mas foi ótimo para despertar.
Chegamos na clareira, e a boa noticia que foi um grande alivio. "Não tinha ninguem". mas já eram 2hrs da madrugada. O nosso plano, cronograma estava totalmente estranho. O pessoal logo arrumou as redes (alias, poucos levaram). A maior parte dormiu no chão, com colchonete e saco de dormir; tirando o Elcio que emprestei meu isolante térmico para ele (ele não sabia que iriamos dormir lá), e o Fernando e o Victor que estavam com um espirito de "Bear Grylls", foram fazer uma abrigo. O problema é que estava tudo muuiito molhado, não só pela garoa, chuvisco, mas pela própria brisa do riacho e o orvalho; e como estava muito tarde, já de noite, se ficava meio desorientado para conseguir vizualisar o que havia no mato, então eles montaram um abrigo bem tosco. O "fogo do conselho" mio, pelo horário não havia mais pique mental para isso. Então tentei fazer uma fogueira. Madeira seca, foi impossível de encontrar. Encontrei alguns gravetos secos mas molhados e umidos, raspei vários até o interior seco. Colocamos a ísca e tudo, usamos até um desodorante do Rafael com bastante alcool, para criar aquela labareda; mas não ia, logo a ísca apagava, os gravetos não chegavam a queimar; devido a alta umidade do ar, e pelas coisas não estarem bem secas. Talvez, mais 1 hora e pouco ali e conseguia uma fogueira. mas já eram 3 horas. Aí o pessoal foi dormir.
Foi uma noite incrivelmente fria, muito fria mesmo, deve ter feito na casa dos 7 - 9 graus, como havia visto na previsão do tempo; fora a umidade e evento que vinha do rio. E dessa vez, por frescura, não levei o saco de dormir; achei que aquelas roupas seriam suficientes. ai! Fui dureza, não consegui dormir: 1. porque minha adrenalina sempre fica lá em cima em trilha (tenho que controlar isso) 2. o frio que vinha da rede era insuportável 3. Os mosquitos estavam um saco. E assim foi a noite.
Eram pouco antes das 5hrs, e já levantei da rede, sem dormir, já de saco cheio, então fui esvaziar. Voltei e há comecei a tomar meu café da manhã, arrumar umas coisinhas na mochila. O Eliezer também não dormiu; e depois tiramos umas fotos e rimos um pouco da cena dos dois "Bear Grylls" (Victor e Fernando) no abrigo improvisado que fizeram; que na verdade, não era abrigo nenhum, estava simplesmente dormindo (não sei como) deitados no chão a céu aberto. Então 5:30 acordo o pessoal.
Logo o dia amanhaceu, cada comeu o que havia levado, arrumamos as mochilas. E então, antes de partir fizemos um pequeno culto, que na verdade gostariamos de ter feito "o fogo do conselho" a noite. Mas mesmo assim foi bem gostoso, cantamos alguns hinos solentes, fiz um sermão bem mais simples e curto do que havia preparado para o "fogo..", e tivemos alguns testemunhos: da Ju, contando de como Cristo a fez sair do mundo das drogas e lhe tornar uma nova criatura; o Rafael de seu ingresso no Pedra Coral; o Fredson, do ingresso na USP e o BUM espiritual que houve esse ano.
Então começamos a trilha, e logo eu já estava bem molhado. Pois tudo estava muito molhado, as plantas e o chão principalmente. O que acabou tornando a coisa muito mais suja, escorregadia, divertida. Logo, quando nos aquecemos, a coisa começou a ir mais depressa, mas percebi, que a turmia lá atrás, especialmente as meninas pareciam estar sem pique. Mandei alguns lá "empurrar" para apressar a galera, para não ficar muito dispersa. Enquanto eu e os que estavam mais a frente - Eliezer, Davis... - estavamos num ritmo forte, até que ao chegar nas partes mais igrimes em que as raízes faziam escadas, íamos praticamente correndo - bem Bear Grylls. Mas logo, ouço aquela coisa que qualquer guia odeia ouvir: "Para!" E esperamos então o pessoal chegar, e logo vi que alguns já não estavam aguentando, ou cansados e coisas do tipo. o que não deveria acontecer na descida.
Então, voltamos a caminhar. E essas paradas começaram a se tornar mais frequentes, o que não deveria acontecer. Até que, já perto de completar a descida, paramos mais uma vez numa bifurcação da trilha. Mandei o Eliezer verificar o caminho da esquerda e ver se daria em algum lugar. Enquanto isso esperamos e esperamos. E... esperamos. 30 minutos! Quando gritei o nome do Elcio que acompanhava as meninas, e ouço do além, nas profundesas da selva um sinal que estavam chegando. Mas então, o Elcio chega com uma noticia absurda! "Elas desistiram."
Fora inédito para mim isso. Eu nunca, em toda minha vida, ouvi alguem dizer, no meio de uma trilha "desisto". Ainda mais que tem aquela empolgação do momento, a adrenalina, e aquela esperança de logo conquistar o premio das dores, do esforço, da perseverança. Que é de chegar na cachoeira, ver aquela obra prima das mãos de Deus, que mesmo num mundo tão degradado podemos ver, na natureza, pedaços da imagem de Deus. E de poder se refrescar com ela. O ânimo simplesmente vai lá em cima. Mas elas desistiram antes de chegar até nós, pois certamente eu não permitiria isso, e tentaria animá-las.
Foi um momento nada simples. Boa parte já estavam cansados de esperar quase 40 minutos ali (iríamos bater o recorde de tempo para descer a a serra). Não poderia voltar atrás (ainda mais que ela estavam longe) para tentar convencê-las a ir; isso farianos levar muito mais tempo para chegar até a cachoeira, talvez mais 2 horas. Mas ao mesmo tempo, "e elas?" Deixá-las sozinha, pessoas sem experiência em meio a selva; e numa trilha famosa, na qual a qualquer momento poderiam chegar pessoas. Então, pensei, e contei com a logística. Meio que calculei, que elas levariam pelo menos 1 hora para voltar até a clareira, no mínimo, e que não se perderiam pois aquela trilha é muito bem definida. E que nós estávamos a menos de 30min da cachoeira. Então, se fossemos na cachoeira, e ficassemos apenas uns 40min nela, e subissemos rapidamente. Por fim, elas apenas ficariam, em média de 1h40min, afastadas de nós, na clareira lá em cima. E então decidi, por esse bem mais pensando num grupo como um tanto. Pois aliás, isso levava em conta também que eu falei para o pessoal se preparar para a trilha. Como fortalecer um pouco os músculos e a capacidade aeróbica do corpo. Alguns fizeram, como o Eliezer que me contou, durante a trilha.
Bem, então foi essa a decisão que tomei. Perguntei se algum homem se ofereceria para acompanhá-las, mas nenhum. Todos queriam a cachoeira. E eu, como guia não podia voltar. E também, confiando em Deus, que seus anjos estavam nos protegendo então até que prossegui tranquilo.
Logo terminamos de descer a serra, e enfrentamos um pouco de desafio para atravessar algumas pedras ao longo do rio para chegar na cachoeira, mas logo chegamos. E a cachoeira estava simplesmente majestosa. O volume de água era muito maior do que da última vez, ao longe já estávamos sendo molhados por aquela garoa que vem da cachoeira, e numa intensidade incrivel. Até mesmo a paisagem mudou, era muito menos pedras e muito mais água em movimento. Estava simplesmente incrivel! Chegamos até próximo a base da cachoeira, para retirar aquela tradicional foto de todos ali. Mas não dava, iria estragar as máquinas digitais que não eram a prova da água. Então, o Eliezer vai num ponto mais tranquilo, embaixo de uma pedra para poder tirar a foto. Apesar de alguns ainda estavam enrolando para chegar, sei lá o motivo.
Bem, depois, foi a hora de aproveitar. Banho de cachoeira. Nadar. Hidromassagem. rs. Há que delicia, delicia mesmo! Pena que estava tão fria. Depois de uns 30min, o pessoal naturalmente já sairam da água, e começaram a se secar e queriam logo começar andar para esquentar hehe. Mas foi muito bom mesmo. A recompensa que se tem, que se ganha, graças a Deus, quando se vê na fisionomia, no rosto das pessoas aquele regozijo, satisfação por ter chegado ali e aproveitar dessas maravilhas naturais da natureza, é simplesmente tão tão tão, que não há palavras que conheça para expressar a magnitude disso.
Então, umas 10h e pouco começamos a subir. Foi um pouco cansativo até o corpo, as juntos e músculos se esquentar e pegar o ritmo. Mas fomos indo. Mas logo, começou a haver paradas. E já se podeia-se ver um bom pessoal sem muito pique e que certamente iriam mais devagar. E já alguns num bom ritmo. Bem, os primeiros a chegar, na clareira, fizeram em torno de 1h35min. Eu cheguei uns 15min depois, pois fiquei um bom tempo seguindo mais o pessoal lá atrás. Já os últimos chegaram em torno de 2h35min.
Então, já eram 13h e pouco. E o próximo oníbus seria apenas as 17h30min. Então falei para o pessoal enrolar ali na clareira e tals. Eu até nadei um pouco no riachinho, mas estava muito fria e logo desanimei. Aí o pessoal aproveitou mais para bater papo e descansar. Já de saco cheio de ficar meio que no ócio, umas 14h20min começamos a ir rumo ao bar então, ops, rumo ao ponto de onibus.
Bem, o pessoal estava super lerdo, devagar. Mas tudo bem. Tinhamos tempo de folga para chegar até o lugar. Fomos mais a frente, eu, Elcio e o Davis. O Elcio conseguiu pegar uma trilha errada no caminho, de modo que demoramos pra caramba para chegar até a saída na estrada, e por um lugar inédito. Assim que saímos da mata, percebemos que estava chovendo fraquinho, mais um chuvisco bem forte. Bem, pelo menos usei minha capa de chuva. Aì foi a estrada, no qual também fomos super devagar, e meio que contra a regra, dessa vez, a "volta pareceu mais longe que a ida".
Chegamos lá, e ainda faltavam 1h e pouco para o buzão. Ficamos ali comendo, descansando e conversando. Alguns até jogaram um pouco de sinuca e pimbolim. Até que finalmente chegou o buzão, e depois de uns 50min, chegamos ao centro de Mogi. Pegamos o trem, e então, rumo a Sampa.
Claro, na volta estávamos muito mais intimos, conversando bastantão etc. É muito bom isso. E assim, foi indo, até que chegamos no Brás. Nos despedimos do pessoal de São Paulo, então viemos para Santo André. E assim, logo que chegamos, cada um tomou seu destino.
Bem, resumidamente, assim fora a trilha, nos meus ambitos.