05 fevereiro 2008

Acampamento de Carnaval - Desbravadores

Caro leitor, descreverei aqui aquilo que julgar necessário que você saiba e possa lhe ser útil; contudo, saiba que muitas coisas não falarei aqui, guardarei para mim mesmo, ou apenas contarei para pessoas mais próximas e confiáveis. Mas também para os curiosos de plantão do que acontece na vida do Evandro, lá vai.

Bem, antes de tudo, eu estava numa intriga mortal. Tinha 2 acampamentos para ir, o da Central de São José que seria em Suzano e o dos Desbravadores que seria em Engenheiro Coelho no Unasp. E estava totalmente em cima do muro: “Em qual deles eu vou?” Pois em questão de acampamento em si, minha preferência é 100% desbravadores, pois não gosto muito de acampamento jovem é muito do tipo “social”, é muito parado, não sua muito rs, há muita ociosidade, muito tempo sem o que fazer na companhia de pessoas de modo que se fica meio que obrigado a dizer algo, de modo que não haja muito expressão causada por naturalidade, mas por um certo vazio do tipo “algo deve ser dito, feito... algo a chamar a atenção e satisfazer o outro”. Já desbravadores, há uma estrutura, objetivos, atividades, é do tipo “sem parar” do começo do dia até dormir (e olha lá) e no final de cada dia se está com o corpo muito cansado, principalmente as pernas; e nesse meio, envolvido com muitas atividades que tira um pouco a atenção do subjetivo, de modo que por fim, ao contrário do outro, as conversas, expressões, falas etc, acabam sendo em geral muito mais naturais. Por um lado, tinha alguns amigos de São José, especialmente a Flávia que queria rever, conversar, passar um tempo... fora meus primos, o Danillo e o Rodrigo... e o acampamento já estava pago. Já no dos Desbravadores, além da responsabilidade de ser o Diretor Associado, tinha uma participação imperativa na sexta-feira, principalmente quanto a ir, montar as barracas, falar com a administração, arrumar o local, algumas atividades, entre outros.
A dúvida era tamanha que quase perdera uma noite de sono. E confesso que não fora uma semana muito bem-sucedida espiritualmente, pelo contrário, muito fraco. E nesse ponto, fui despreparado para os acampamentos.

Quinta-feira
Foi incrível, de repente, me veio uma solução em mente, apesar de não muito cômoda, mas ‘i daí’? Foi quando minha mãe falou que meu pai estaria de folga no domingo. Então pensei: “Vou sexta para o acampamento de Desbravadores, pego uma carona para voltar no sábado. E no domingo meu pai me leva para o outro acampamento e fico até terça.” E aí, meio que me planejei e acertei as coisas para fazer isso. Mas foi um dia meio longo. Uma tarde estranha, estava precisando me aquietar-se um pouco, pensar um pouco, respirar... e aí fui fazer um caminhada e um culper até o Ipiranguinha, só uns 10km (ida-volta). E de noite, acertando uns detalhes pela net, arrumando as malas, telefonema aqui e ali, acabei indo dormir duas da madrugada.

Sexta-feiraAcordei umas 7 horas (5 horas de sono). Aí fui para casa do Elcio, depois chegou o Adriano, e tomamos rumo a Engenheiro Coelho. Bem, vamos dizer que o carro estava lotado e pesado de tal modo, que não talvez não coubesse nem mais um livro. E na ida tudo bem, até chegarmos na família av. Bandeirantes em São Paulo, e aquele transito básico de 1 hora até cruzar a marginal Pinheiros. Aí pegamos estrada, tirei uma soneca, porque não tinha dormido muito bem já há algumas noites. Depois de 1 hora acordo, e mais 1 hora depois chegamos ao Unasp.
No Unasp, primeiramente foi meio demorado encontrar a pessoa responsável por atender-nos. Até que finalmente encontramos a Juliana, a qual nos mostrou a área de acampamento e nos deu alguns toques. Então fomos almoçar, que maravilha, o Vita (pai do Elcio) levou um arroz integral, um negócio de feijão e pão integral caseiro; muito bom... apesar de frio. Mas desde que comecei a ver esses documentários de sobrevivência, tenho aprendido a cada vez ficar menos fresco quanto a alimentar-me – claro que sempre buscando ser o mais saudável; mas vamos dizer, a “não se importar com o sabor”. Mas sinceramente, estava bom.
Depois de alguns minutos definindo onde colocaríamos e como as barracas, a cozinha etc. Começamos a montagem das mais de 10 barracas. Nada muito difícil, o problema é que elas não estavam bem guardadas. Tivemos que limpa-las. Remendar alguns furos...
Mas antes de terminar o serviço, fomos dar um mergulho na piscina aberta, que aliás, é excelente. Acho que foi a melhor piscina em que já estive na vida, e confesso que foram muitas pelas quais passei. Ai depois saímos, começou a chegar uma chuva, e ralamos para terminar logo as barracas; aí começou a chover, e tivemos que jogar as lonas por cima, sem prender bem os expeks... e aos poucos ajeitando aqui e ali. Aí eu fui fazer uma espécie de tanque para as cozinheiras; mas como já estava dando o pôr-do-sol, não deu para fazer algo muito caprichado; mas ficou uma pioneira legal, só na madeira, sisal, amarras e criatividade.
Bem, fizemos um culto de pôr-do-sol, eu, Elcio, Adriano e Vita. Cantamos alguns hinos. Fiz uma meditação de última hora, sem dizer nada além das palavras que dizia Paulo no livro de Efésios, sobre o viver com Cristo. Oramos. E depois ficamos um bom tempo batendo um bom papo descontraído e natural na rua; onde também apareceu algumas pessoas ali do Unasp que vieram nos conhecer e bater um papo, alguns, lideres de outros clubes. E ai depois fiz uma boa caminhada dentro do campus até o orelhão, mas em vão, não consegui falar com ninguém. E depois uma caminhada mais longa na volta, para refletir um pouco. Estava um pouco cansado, aliás, ralando o dia inteiro; e sabia que logo chegaria o clube e seria aquela zona e que também não dormiria aquela noite, mas passaria em claro ralando. Aí praticamente todos foram tirar uma soneca nas barracas. Aliás, como é bom, dormir sozinho numa barraca de 6 pessoas rs.
Umas 2 horas depois chegou a Monique e o Erique que foram de carro. Aí ficamos conversando um tempão, muito 10. Como gosto dessas conversas com poucas pessoas, naturais; em meio ao silêncio e a natureza e de bom nível, e não aqueles bla-bla-blas inúteis tão comuns. Ainda mais que nessas eu me empolgo em falar, apesar que estava com a cabeça não muito boa, não que estava com sono, porque sou meio que 100% acordado até que tentar dormir – eu escolho quando durmo. E aí, o Erique que estava super empolgado, tomou uma iniciativa exemplar, que até mesmo que repreensiva para mim mesmo por muitas vezes exitar em tomar esse tipo de atitude. Pois vou ser sincero, muitas vezes meio que penso do tipo: “Os outros não estão interessados no que tenho a compartilhar com eles, então eles que se dane, não vou tentar.” Tipo, ele repassou a lição da escola sabatina comigo, o elcio e o adriano; fizemos alguns comentários, foi legal... pena que eu não estava com a cabeça muito boa, e como já havia dito, não havia me preparado espiritualmente na semana. Pois certamente, teria aprofundado muito mais, pois se há algo que tenho prazer é falar sobre coisas da Bíblia, vida espiritual, filosofia de vida, e essas coisas de reflexão. Aliás, como amo fazer isso. E como é triste tão poucas pessoas gostarem de fazer o mesmo.
O melhor do dia é que ele foi realmente farto, principalmente quanto a questão de ter passado tempo e conversado muito com o Elcio, filosofado com ele, refletido com ele; ainda mais que ele é um amigo singular; principalmente quanto a compartilhar idéias, filosofias, pensamentos... E fora que ano passado mal nos vimos, pois ele ficou praticamente o ano inteiro em Maringá. E logo para lá voltará e passará mais um ano. Felizmente é o último ano dele, curso de letras na UEM, e espero que ano que vem ele estará de volta.

Sábado
Assim que terminamos, o ônibus chegou, isso já era 1 hora da madrugada. A garotada estava com a corda toda. Sinceramente eu fiquei impressionado com toda aquela energia do pessoal e a diretoria. Ao todo, havia pouco mais de 60 desbravadores e diretoria. Tudo indicava que seria um incrível acampamento.
E aí começamos a descarregar o buzão, tirar as coisas, e todo aquele peso. Logo “we have a problem”, temos que montar mais barracas que chegaram. E lá vai nós. Conseguimos montar uma, pois a outra. A qualidade da Capri era tão boa, que as varetas novinhas, em sua estréia, ao armar a barraca quebraram. E aí depois, carregar cozinha,que ficava mais ou menos, uns 150 – 200 metros do ônibus. E então carrengando muitas coisas pesadas, muitas mesmos. Fora que sobraram poucas pessoas para isso. Pois os desbravadores foram dormir, apenas a unidade maior masculina que chamei para ajudar a carregar, e alguns da diretoria. E mesmo assim foram várias voltas, talvez mais de 10, ou seja, mais de 1,5km, carregando centenas de quilos.
Bem, eram 3 horas da madrugada quando terminamos de carregar as coisas. Então apenas ficaram alguns homens da diretoria: Eu, Rafael, Elcio, Carlão e o Cristiano para montar e arrumar a cozinha. E aí lá vai nós ralar para montar aquele quebra-cabeça de centenas de peças de alumínio. Aí, umas 4h e pouco terminamos de montar, aí carregamos todas as coisas para dentro da cozinha montada, como alimentos. E já eram quase 5 horas da manhã. Então o pessoal foi dormir, apenas eu, o Carlão e o Cristiano decidimos não dormir; pois logo teríamos que acordar, fora que eu teria que acordar as cozinheiras dali meia-hora. Mas eu estava muito cansado, até com um pouco de dor muscular – o que é difícil acontecer – com os olhos um pouco pesados, e sem energia. Estava meio exaurido. Até que tomei um banho, e depois do banho, melhorou muito, meio que a exaustão fora embora, e aos poucos retomava as energias. Aí acordei as cozinheiras e ajudei elas em organizar os alimentos na cozinha. E ainda contemplei, conversando com o Cristiano a alvorada, o nascer do sol, que fora maravilhoso em meio há um céu límpido.
Logo os desbravadores naturalmente acordaram, poucos foram os que acordaram com meus gritos de acorda nas barracas às 7h30. Pois a grande maioria eram novatos, para muitos, o primeiro acampamento, a primeira noite em barraca; imagine a adrenalina deles. Mas apesar de já estar bem acordado e despertado, estava muito sem forças, e com a mente um tanto anuviada, com dificuldade para pensar, depois de tantas noites sem e mal dormidas.
Logo de manhã, já brinquei um pouco com a Patrizia, caloura no clube, irmã da Paola, alguém que gosto muito, principalmente brincar. Ainda mais com aquele jeito moleque dela. Só que lá para umas 10 e pouco, depois da escola sabatina; deitei num nada ergonômico banco de concreto e tirei uma soneca; acho que dormi pouco menos de 1 hora até que a Patrizia me acordou com um copo de água no meu rosto. Eita menina difícil, quando ela se empolga, do jeito sem noção que é... ai ai. Rs
Depois dei algumas voltas no Unasp. E acabei conhecendo duas pessoas, dois estudantes ali calouros, um de direito e outro de adm, um veio de Rondônia e outro do Pernambuco (ou era Paraíba?); batemos um papo gostoso, por uns 20 minutos. Aí teve o almoço, e um daqueles almoços únicos de muita conversa e descontração com o Elton, Elcio, Rafael, Andréa e alguns desbravadores que ficavam impressionados com os assuntos nojentos do Elcio rs. Fora que finalmente, ali havia uma companhia que acompanhava meu ritmo devagar de comer.
Logo, mais problemas. O dia estava muito quente. E como sempre, aquelas mal projetadas e construídas barracas da Capri (fujam dessa marca), quebraram sozinhas, devido a pressão, e ao sol que provocara uma dilatação de modo que instabilizou e escedeu a capacidade daquelas varetas de baixa qualidade e quebraram. Bem, isso sobrou para o Elcio concertar. Creio que ele teve muito trabalho com isso.
Nisso, já de tarde, eu já começando a pensar na questão de “ir embora” (tinha outro acampamento para ir). O Everaldo vem falar comigo, fala algumas coisas subjetivas como elogios, que eu faria muita falta ao acampamento; me pede uma ultima coisa para fazer: “preparar já o fogo do conselho”. E tipo, estava um sol muito forte, eu já havia me queimado bastante. Pedi ajuda para o Cristiano, procurar e carregar as madeiras até o local preparado para fogueiras. Ai em pouco mais de meia-hora consegui armar uma boa fogueira do tipo Fogo do Conselho, com isca e tudo, e deixei madeiras, gravetos, isca de reserva também para as outras que eles fariam. Aliás, nunca foi tão fácil conseguir as coisas para uma fogueira.
Depois, chamei o Rafael e a unidade dele (já que ele era conselheiro) para ir comigo até a portaria para pedir algumas informações sobre os ônibus que iriam para São Paulo; e aproveitei para conversar com ele. E acabamos dando mó volta no campus, e o lugar era um pocado longe, e um sol muito forte. Mas foi muito bom, principalmente a conversa, trocar umas idéias, refletir um pouco, e a caminhada em si. Aliás, aquela breve soneca antes do almoço, simplesmente revigorou minhas forças. Todavia, segundo o Elton, sou uma máquina pelo meu desempenho e aptidão física rs.
Lá me informei que o próximo ônibus seriam às 18hr. Aí voltamos, novamente naquele sol. E essa ida e volta, deve ter sido uns 5 km, quase 1 hora andando. Aí arrumei minhas coisas, me despedi do pessoal. E tive um probleminha “cadê meus R$ 50,00???”. Bem, a Lea me emprestou o dinheiro pro ônibus, contudo, apenas teria dinheiro para o buzão até a estação do Tiete, de lá me viraria para chegar em casa. Hehe. Bem, o Elcio me deu uma carona até a portaria do Campus. Onde encontramos com o nosso ex-professor Sérgio Klein, que agora residia ali perto do Unasp, conversamos rapidinho, ai despedi dele e fui para o ponto.
Uns 5 minutos esperando o ônibus, faltando 10 minutos para as 18 hrs. Eis que aparece um Tempra e um carinha me pergunta para onde iria, e disse: Para São Paulo. E ele me ofereceu uma carona porque iria para lá. Aí aceitei. Entrei no carro e fomos. Quase que em todo o caminhamos fomos conversando, sobre várias coisas. Ele era o Marcos, adventista, também de Santo André, da região de João Ramalho, que era enfermeiro; sua peculiaridade é que trabalhava 15 horas por dia!!! Todos os dias praticamente!!! E isso já faziam 4 anos!!! A vida dele simplesmente era trabalhar e trabalhar, e o mestrado a noite. Não viajava, nunca tinha férias, pois tinha dois empregos, um de manhã ou a tarde, e nunca as férias de um coincidiam com o do outro; e certamente sofria por causa disso, e também não deveria ter uma vida social muito boa. Tanto é que gostaria muito de acampar, fazer trilhas entre outras coisas. E disse que sempre que podia ia para o interior para relaxar um pouco, tirar um stress. E ele estava indo para São Caetano na casa de um paciente porque precisava levar uns exames urgente para o Hospital. E nisso ele me deixou na estação de São Caetano. Aí peguei o trem, que rapidinho chegou em Santo André, e então tomei o ônibus T29, rumo a my hose. O interessante foi que nesse ônibus eu estava com os olhos muito pesado; várias vezes ausentando de minha cosnciência, domindo. Sabe quando você meio que perde o controle do sono? Você está acordado, pensando, e de repente, no piscar de olhos, você dorme, é como desmaiasse, e alguns minutos depois acordava e tenta manter-se acordado? Bem foi isso, fiquei uns 15min, variando entre consciência e inconsciência, até que cheguei em casa, umas 21h30. Jantei. Dei uma checada na net. Assisti o vídeo de uma reportagem do SBT sobre os adventistas e a Reforma da Saúde (assista aqui). Arrumei a mochila, e então, meia-noite fui finalmente dormir.

Agora, era questão de tempo até acordar para um novo dia, e um novo acampamento.

Em geral estava tudo muito bom, perfeito. Acampamento de desbrava é demais! Você rala que só. É isso o quero, gosto, ter o que fazer, de modo a suar a camisa fazendo várias coisas que exigem atividade física, criatividades, habilidades e com um propósito, e nisso, naturalmente passar tempo e conversar com o pessoal. E fora a questão dos desbravadores em si, pois quando você vê uma unidade recém formada já se unindo adquirindo aquele espírito de unidade, grupo; fazendo coisas, planejando e executando tarefas; ou como na escola sabatina que foi muito envolvente, a garotada se empolgou, começou a fazer várias perguntas, começaram a se abrir, a falar sobre a pressão de grupo; sobre esse negócio dos outros tirar sarro de você por você ser diferente, ou decidir fazer algo que eles não fariam; e de modo que você pode explicar para elas, aconselha-las, motiva-las, e eles com profunda atenção... e toda aquela energia, garra e vontade. Nossa!!! É muito bom. Não tem preço. O acampamento promete!!! O ano promete!!!

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